BRAD SMITH, CHIEF LEGAL OFFICER DA MICROSOFT, LISTA QUESTÕES QUE PRECISAREMOS ENFRENTAR, SE QUISERMOS RESGATAR A CONFIANÇA DAS PESSOAS NO DIGITAL
O ano 2018 foi um ano importante para a tecnologia, com o termo “techlash” (Technology + Backlash) sendo usado comumente para se referir não apenas a uma, mas a várias questões sobre o papel da tecnologia na vida das pessoas.
Criado pelo The Economist, o termo "techlash" demonstra o olhar negativo frente às gigantes da tecnologia. Um dos motivos para este movimento são os recorrentes vazamentos de informações sensíveis. Violações em grande escala, incertezas sobre como os dados são usados e monetizados, cibercrime e outras ameaças online abalam a confiança dos usuários, colocando em xeque os benefícios de uma sociedade digital.... O que antes era visto como a solução para todos os problemas da humanidade (o uso desenfreado da tecnologia), passou a ser visto com mais ceticismo pela opinião pública e legisladores.
Em 2019, esse cenário pode mudar? Em artigo para o blog do Fórum Econômico Mundial, Brad Smith, presidente e Chief Legal Officer da Microsoft, lista alguns problemas que precisaremos enfrentar, se quisermos resgatar a confiança das pessoas nos benefícios das tecnologias digitais.
1. Privacidade Quando 2018 começou, sabíamos que seria um grande ano para a privacidade. A implementação iminente do Regulamento Geral de Proteção de Dados da União Europeia, ou GDPR, foi o suficiente para que isso acontecesse para todas as empresas com clientes na Europa. Dada a natureza técnica do GDPR, não é surpresa que 2019 comece com um trabalho contínuo para interpretar o regulamento.
Também na própria Europa, o Ano Novo começa com questões importantes em Bruxelas sobre o futuro da privacidade. O continente deu origem à exigência de que as empresas fornecessem notificação e consentimento antes de obter e usar as informações das pessoas. Em uma era de avisos de privacidade onipresentes, as autoridades questionam se a lei de privacidade deve ir além e regular ainda mais diretamente como a informação do consumidor pode ser usada.
Em última análise, a privacidade é uma prioridade .
2. Desinformação Entre 2016 e 2018, aumentou a nossa compreensão sobre os impactos nocivos das fake news. A grande questão agora é o que será feito para resolver o problema. As principais plataformas de mídia social começaram a implementar novas proteções de forma mais ampla e outras importantes iniciativas voluntárias, como o NewsGuard , surgiram.
Líderes tecnológicos foram confrontados com a possibilidade de alguma regulamentação. Mas que tipo de regulação? O senador Mark Warner, da Virgínia, definiu grande parte da agenda inicial, baseada em parte em um artigo publicado em agosto de 2018 no qual descreve propostas para impor às plataformas de mídia social o dever de identificar a origem das contas responsáveis pela campanhas e das postagens contendo desinformação e notificar os usuários sobre a ação de bots. Warner tem desempenhado um papel firme de liderança no Comitê de Inteligência do Senado, e os próximos meses provavelmente colocarão holofotes sobre esse trabalho.
3. Protecionismo Há mais de doze meses começamos experimentar os efeitos da guerra comercial entre os EUA e a China. No ano passado, houve uma onda constante de aumento de tarifas dos EUA sobre as importações chinesas, com o objetivo de incentivar mais compras chinesas de produtos americanos. Mas não necessariamente tecnologia.
Em Washington, DC, os ventos políticos para o comércio de tecnologia mudaram claramente. Em todo o espectro político americano, há uma maior apreciação do ímpeto da China na inteligência artificial e outras tecnologias, e aumentou a preocupação com suas implicações econômicas e de segurança nacional. O ano passado terminou com eventos que pareciam parte de um recente drama da Netflix - a prisão e a proposta de extradição de um executivo e restrições impostas por Austrália, Nova Zelândia, EUA e Reino Unido ao uso de componentes chineses em redes 5G.
2019 assistirá a um extenso debate sobre os possíveis novos controles de exportação dos EUA sobre Inteligência Artificial e outras tecnologias emergentes. A União Europeia está considerando limitar as aquisições estrangeiras de startups de tecnologia locais. O setor de tecnologia poderia entrar em uma jornada atribulada.
4. Cibersegurança e diplomacia digital Enquanto 2017 viu dois dos ataques cibernéticos - WannaCry e NotPetya - 2018 trouxer mudanças importantes no cenário da cibersegurança. Os ataques dos estados-nação continuaram e envolveram ainda mais governos. Alguns ataques envolveram o roubo de enormes quantidades de informações, enquanto outros ameaçaram a TI e outras infraestruturas críticas. O ano não ofereceu nenhuma razão para acreditar que as ameaças cibernéticas promovidas por governos estão em declínio.
Mas 2018 também trouxe novos passos para fortalecer a proteção da segurança cibernética. O setor de tecnologia continua priorizando a inovação e os investimentos em segurança cibernética. O ano passado trouxe mais foco na segurança do hardware, mas novos recursos para proteger os serviços vitais da nuvem também permaneceram como prioridade.
Foi também um ano importante para avanços na frente diplomática. A diplomacia digital se espalhou. A Siemens liderou o trabalho para criar uma importante Carta de Confiança, unindo as empresas para proteger os dispositivos onipresentes que compõem a Internet das Coisas. A Microsoft encabeçou um Tech Accord, assinado por 68 empresas para fortalecer as defesas de segurança cibernética.
O maior passo do ano aconteceu em novembro. O apelo de Paris para a confiança e segurança no ciberespaço , liderado pelo presidente francês Emanuel Macron, lançou um importante movimento para deter ciberataques indiscriminados e proteger processos eleitorais. Baseia-se na ação de múltiplas partes interessadas, reunindo mais de 450 signatários de mais de 50 governos e cerca de 400 empresas e grupos da sociedade civil.
O Chamado de Paris expôs, no entanto, alguns dos negócios inacabados para 2019. Seus signatários incluíam todos os membros da UE e 27 dos 29 aliados da OTAN, mas não os Estados Unidos. O Ano Novo traz uma nova oportunidade para reunir todos.
5. Desafios de ética para a IA Em janeiro passado, questões éticas de Inteligência Artificial começaram a atrair a atenção. Conforme os meses progrediram, eles explodiram. Impulsionadas em parte pelo ativismo dos funcionários, as empresas de tecnologia começaram a abordar questões como o uso de IA para produção de armas autônomas e preocupações com o reconhecimento facial.
As questões de reconhecimento facial passaram a ocupar um lugar central, motivadas em parte por preocupações de grupos acadêmicos e de liberdades civis sobre os riscos de discriminação e o impacto potencial sobre a privacidade e outros direitos democráticos.
Em 2019, esses desafios começarão a ser enfrentados com maior intensidade.
6. Impactos da IA na economia e no mercado de trabalho No ano passado, a angústia do público sobre o impacto da IA na economia e no mercado de trabalho continuou a crescer. Especialmente nos Estados Unidos e na Europa, as pessoas questionam se a tecnologia destruirá mais empregos do que os criados. Mais enfaticamente, as discussões começaram a se concentrar em quem seriam os possíveis vencedores e perdedores.
2019 trará mais atenção a novos programas dos setores público e privado para equipar as pessoas com as habilidades de que precisarão.
7. Imigração e a diversidade As questões de imigração e diversidade permaneceram em primeiro plano em todo o setor de tecnologia em 2018. Muitas empresas relataram ganhos de diversidade que foram pequenos, mas avançaram na direção certa de maneira mais ampla do que no passado.
O ano também viu o setor de tecnologia continuar a se concentrar em vários problemas importantes de imigração de mão de obra qualificada.
8. Banda larga rural Nos Estados Unidos e em vários outros países, 2018 trouxe um foco contínuo em desafios para as comunidades rurais. Um fator que impede a prosperidade das comunidades rurais é a falta de acesso a serviços de banda larga. De forma crescente, a banda larga tornou-se a eletricidade do século XXI. Sem isso, há pouca oportunidade de atrair novos negócios ou empregos.
Essas soluções fornecem uma nova esperança a partir de 2019. Isso exigirá inovações e investimentos sustentados, juntamente com políticas governamentais sólidas. Mas é cada vez mais possível imaginar o tipo de progresso que tornará o mundo um lugar diferente e melhor nesse sentido até 2030.
9. Soberania, diretor humanos e nuvem Quando esta década começou, havia alguns que pensavam que o setor de tecnologia poderia servir o mundo exclusivamente de datacenters localizados nos Estados Unidos. À medida que o início da próxima década se aproxima, mais governos querem que seu setor público ou até mesmo os dados de todo o país permaneçam em datacenter dentro de suas próprias fronteiras. Isso está criando problemas cada vez mais complicados para o mundo10.
Essa Matéria foi escrita pela CIO.com.br e publicada em 23/01/19 às 21:34. Para acessa-la clique no link https://cio.com.br/9-principais-problemas-tecnologicos-de-2019/
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